Qualquer que seja o composto químico gasoso, natural ou sintético, que
produza um efeito lacrimejante sobre o organismo poderá ter a
denominação de gás lacrimogêneo, desde que apresente baixa toxicidade.
O gás lacrimogêneo, do latim lacrima, trata-se de um grupo
de compostos de propriedades, como seu próprio nome sugere, capazes de
irritar a pele e tecidos sensíveis, como os olhos. Quimicamente, o gás
CS, abreviatura para clorobenzilideno malononitrilo, é um exemplo.
Quando se percebeu que os seus efeitos poderiam atingir multidões, pois
este gás se propaga lentamente pelo ar e sua sedimentação é lenta, e,
principalmente, sem apresentar letalidade, pois seus efeitos logo
desaparecem, passou a ser utilizado em todo o mundo com a finalidade de
dispersar multidões. Recebe a denominação, dessa forma, de arma
não-letal, pois dispersa sem ferir gravemente.
De custo mais baixo, o spray de pimenta, ou aerossol
de pimenta, está entre os mais populares. Outros compostos também podem
ser utilizados para este fim, como o cloro-acetona e o bromo-acetona,
de fórmulas respectivamente iguais a (CH3–CO–CH2–Cl) e (CH3–CO–CH2–Br).
Em relação ao seu efeito sobre o organismo, o CS ainda predomina, mas
seus efeitos são menos duradouros. Dessa forma, bombas de efeito moral
ou armamentos de distração trazem tais compostos em sua formulação,
sendo diferenciada apenas a sua forma de propulsão.
Uma bomba moral, “inflama uma mistura química que explode com grande
estrondo, normalmente espalhando uma nuvem de talco. Há também a bomba
de fumaça, usada para obscurecer a visão; a flashbang, que produz
um clarão que desorienta a vítima temporariamente; e a de gás
lacrimogêneo, que irrita as mucosas de olhos, nariz, boca e pulmões,
fazendo a pessoa espirrar, chorar e tossir fortemente. Mas, enquanto as
granadas militares soltam estilhaços de metal mortíferos, as de efeito
moral são feitas com um plástico que se desintegra – assim, não ferem
ninguém, pelo menos em teoria”.
É interessante saber que hoje “os gases lacrimogêneos são
classificados como agentes irritantes não-letais pela Convenção de Armas
Químicas, acordo firmado por 178 países. Como seus efeitos são
temporários, forças policiais podem usá-los para dispersar multidões. No
entanto, a mesma convenção proíbe seu uso como arma de guerra, dizendo
que, em alta concentração, o gás pode matar o inimigo”. Sua utilização pelas forças armadas já fora, portanto, muito mais pontual do que o que é visto atualmente.
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