Pierre Curie (Paris, 15 de maio de 1859 — Paris, 19 de abril de 1906) foi um físico francês, pioneiro no estudo da cristalografia, magnetismo, piezoelectricidade e radioactividade.
Recebeu o Nobel de Física de 1903, juntamente com a sua mulher Marie Curie,
outra famosa física: "em reconhecimento pelos extraordinários serviços
que ambos prestaram através da suas pesquisas conjuntas sobre os
fenómenos da radiação descobertos pelo professor Henri Becquerel".
Pierre foi um dos fundadores da física moderna. Pierre não frequentou
a escola primária nem a ginasial, foi educado em casa pelo seu pai, e
nos primeiros anos da sua adolescência revelou uma forte aptidão para a
matemática e a geometria. Aos 16 anos bacharelou-se em ciências e aos 18
anos já tinha obtido o equivalente a um grau superior, mas não seguiu
imediatamente para o doutoramento por falta de dinheiro. Em vez disso,
trabalhou como instrutor de laboratório.
Em 1880 Pierre e o seu irmão mais velho, Jacques Curie,
demonstraram que se gerava um potencial eléctrico quando se comprimiam
cristais, a piezoelectricidade, e esse comportamento foi utilizado mais
tarde em toca disco (gira-discos) e alto-falante. Pouco depois, em 1881,
eles demonstraram a existência do efeito inverso: que os cristais
podiam ser deformados quando submetidos a um campo eléctrico. Quase
todos os actuais circuitos electrónicos digitais recorrem a este
fenómeno.
Antes dos seus famosos estudos de doutoramento sobre o magnetismo,
ele concebeu e aperfeiçoou uma balança de torsão extremamente sensível
para medir os coeficientes magnéticos. Os investigadores que o seguiram
nesta área utilizaram regularmente uma qualquer variedade deste
equipamento. Pierre Curie estudou o ferromagnetismo, o paramagnetismo, e o diamagnetismo
para a sua tese de doutoramento, e descobriu o efeito da temperatura
sobre o paramagnetismo que é atualmente conhecido por lei de Curie. A
constante material da lei de Curie é conhecida como a constante de
Curie. Também descobriu que as substâncias ferromagnéticas apresentam
uma temperatura crítica de transição, acima da qual as substâncias
perdem o seu comportamento ferromagnético. Esta temperatura é conhecida
por ponto de Curie.
Pierre Curie enunciou em 1894 o "princípio universal de simetria": As
simetrias presentes nas causas de um fenômeno físico também são
encontrados nas suas consequências.
Pierre trabalhou com a sua mulher Marie Curie no isolamento do polónio e do rádio.
Eles foram os primeiros a usar o termo 'radioactividade', e foram
pioneiros no seu estudo. No seu trabalho, incluindo o conhecido trabalho
de doutoramento de Marie, usaram um electrómetro piezoeléctrico de
precisão construído por Pierre e pelo seu irmão Jacques.
Pierre Curie e um estudante seu foram os primeiros a descobrir a energia nuclear,
ao identificarem a emissão contínua de calor das partículas do rádio.
Ele também investigou as emissões de radiação das substâncias
radioactivas, e conseguiu demonstrar, com o recurso a campos magnéticos,
que as emissões apresentavam carga positiva, negativa ou eram neutras.
Essas emissões correspondem às partículas alfa, beta e radiações gama.
O casal Curie autenticou a médium Eusapia Paladino, numa carta a
Georges Gouy, datada de 24 de Julho de 1905, por sessões supervisionadas
por eles próprios:
“ | Foi muito interessante e, realmente os fenômenos que vimos pareciam inexplicáveis como truques, mesas com quatro pernas suspensas, movimentos de objetos até a certa distância, mãos que beliscam ou acariciam a pessoa, aparições luminosas. Tudo num local preparado por nós, com um pequeno número de espectadores, todos conhecidos nossos e sem qualquer possível cúmplice. O único truque possível é o que poderia resultar da extraordinária facilidade da médium como mágica. Mas, como explicar o fenômeno quando se está segurando as mãos e os pés dela e quando a luz é suficiente para se ver tudo que acontece? | ” |
O casal confirmou a genuinidade de Paladinho em outra carta, em 14 de
abril de 1906, poucos dias antes de Pierre morrer, novamente a Georges
Gouy:
“ | Tivemos mais algumas sessões com a médium Palladino. O resultado é que esses fenômenos realmente existem e não é mais possível para mim duvidar disso. É improvável, mas existem, e é impossível negar isso, após as sessões que tivemos, em condições controladas. Uma espécie de membros fluidos destacam-se da médium (principalmente dos braços e das pernas…) e empurram com força os objetos. Esses membros fluidos se formam em geral sobre um pedaço de material negro… Mas algumas vezes eles pulam para o ar aberto. Não tenho dúvida que depois de algumas boas sessões, você se convencerá… Você, que tem uma intuição tão grande, com tanta frequência sobre os fenômenos, como explica esses deslocamentos de objetos de uma distância, como concebe que a coisa seja possível? Existe aqui, em minha opinião, todo um território de fatos inteiramente novos, e estados físicos no espaço, dos quais não temos qualquer idéia. | ” |
Esta informação consta no livro de Susan Quinn, chamado "Marie Curie, Uma Vida".
Pierre Curie morreu em 19 de abril de 1906, ao sair de um almoço na
Associação de Professores da Faculdade de Ciências, em resultado de um
acidente de viação quando atravessava a Rue Dauphine em Paris
durante uma tempestade. A sua cabeça foi esmagada pela roda de uma
carruagem, escapando a uma provável morte por envenenemento por
radiações como a que veio a matar a sua mulher. Os restos mortais de
Pierre e Marie foram depositados na cripta do Panthéon de Paris em Abril de 1995.
O curie (Ci) é uma unidade de radioactividade correspondente a 3.7 x 1010
desintegrações por segundo. O nome da unidade foi originalmente
atribuído, em homenagem a Pierre Curie, pelo Congresso de Radiologia de
1910.
A filha de Pierre e Marie Curie, Irène Joliot-Curie e o seu genro, Frédéric Joliot, foram igualmente físicos destacados, que se dedicaram ao estudo da radioactividade.
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