A descontaminação de pessoas que entram em contato com material
radioativo é feita de acordo com o grau da contaminação. Se a
contaminação não for alta, a pessoa passa primeiramente por um processo
de lavagem com água, sabão e vinagre. É importante ressaltar que a água utilizada também é controlada, pois conterá radioatividade após o processo.
Uma segunda indicação é aumentar a sudorese,
ou seja, o suor do corpo das pessoas contaminadas, por meio de
exercícios físicos em esteiras ergométricas ou através do uso de saunas.
Em muitos casos, só esses métodos já servem para descontaminar as
vítimas e elas são liberadas.
Já em casos mais graves, nos quais o material radioativo ficou muito
tempo em contato com a pele e foi absorvido pelo organismo, a pessoa
passa a ser monitorada. Nesses casos, realiza-se um tratamento com
ingestão do sal Azul de Prússia, também denominado Radiogardase.
Esse medicamento de origem alemã é absorvido pelo tubo gastrointestinal
e é de baixa toxicidade, funcionando como uma resina de troca iônica.
Ele faz com que o césio, que é excretado por via urinária, passe então a
ser também eliminado pelas fezes.
Se o Azul da Prússia for administrado 10 minutos após a contaminação
radioativa, reduz-se a absorção de césio em 40%. Mas se isso não
acontecer, seu efeito diminui, sendo que ele conseguirá captar 35% do
césio radioativo no organismo.
No acidente com o Césio 137, em Goiânia, foram produzidas grandes
quantidades de Azul da Prússia, pois este havia sido utilizado antes nas
vítimas de Chernobyl, que também foram contaminadas por césio
(subproduto da fissão). Em Goiânia, ele foi aplicado na superfície do
corpo das vítimas e dos materiais radioativos. Na época não era possível
ingeri-lo porque isso dependia ainda de ensaios toxicológicos e um
mínimo de cinco anos de estudos comprobatórios.
Na época do acidente, os farmacêuticos da Marinha do Brasil conseguiram desenvolver outro medicamento, o Ferrocianeto de Ferro e Potássio ─ FeK[Fe(CN)6] ─, capaz de absorver 90% do césio no organismo, como mostrou um teste realizado in vitro. As pesquisas e ensaios clínicos desse medicamento continuam sendo realizados.
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